A pessoa tem um problema de saúde e, diligentemente, procura o médico. Faz exames, fornece toda a informação pertinente e sai com diagnóstico e tratamento bem explicados. Começa bem, sente-se melhor e, incoerências humanas, para de tomar o remédio prescrito. A explicação parece ter lógica: “mas eu já me sinto bem melhor”. Lógico! Isso é efeito do tratamento e, por isso mesmo, deve-se continuar, até recomendação em contrário.
Situação semelhante vive quem trabalha com prevenção de acidentes. Riscos são inerentes à vida, ao mundo, à realidade. É impossível viver com risco zero, mas pode-se eliminar parte dele, minimizar e controlar o que for possível. Isso demanda muito esforço de qualquer organização, desde investimento em equipamentos e instalações, até muito treinamento e conscientização.
Mas, no fim do ano, o que há para mostrar? Um grande “zero”; nada mais. Este é o resultado esperado: zero acidente. O que, nunca, ninguém verá são os acidentes evitados. Na prática, começa-se a tomar o bom desempenho como algo normal e garantido e pensa-se que, talvez, não seja necessário tanto empenho na segurança. Credita-se o resultado à experiência e engenhosidade dos empregados; é só confiar no bom senso e estaremos bem. Será?
No mundo dinâmico em que vivemos, é comum empresas comprarem outras, bem como venderem partes de seus negócios. Assim, uma unidade industrial no Brasil pertenceu a uma grande organização, com altíssimos padrões de segurança e, apesar do risco elevado, quando foi vendida já levava vinte e sete anos sem acidentes com afastamento.
Parecia que nada poderia dar errado por lá. Qualquer pessoa que passasse pelo portão adentro começava a aprender segurança quase que por osmose. Todos os funcionários tinham algo com o que pudessem contribuir, todos os dias, mesmo que, em algumas funções, fosse algo muito modesto. Constância e eficiência.
Depois da venda, a princípio, tudo continuou bem, mas, quando os líderes deixaram de prestar atenção na segurança, tudo o que acontecia de forma tão fluida e natural, ainda que com muito trabalho, foi desaparecendo, e logo começaram a ocorrer os acidentes. Fica a lembrança, nesta semana em que se comemora o Dia Internacional da Segurança do Trabalho – 28 de abril. Para todos, um ano muito seguro!