Já há bom tempo, venho observando o uso vulgar do verbo adorar. Ouve-se com frequência alguém dizer: “Adoro andar na praia” ou “adoro tal pessoa”. Lamento que a palavra de tanto valor teológico se tenha deteriorado tanto. Adorar é o ato de a pessoa prestar culto à divindade.
O dicionário Houais, embora registre o sentido popular de adorar, isto é, de querer bem alguém ou gostar muito de alguma coisa, dá, em primeiro lugar, o sentido principal e verdadeir culto ou veneração da divindade.
Não adoramos nem os anjos nem os santos. A própria Mãe de Deus, a criatura mais alta, perfeita, pura e digna, não recebe o culto de adoração ou de latria. Designa-se o culto à Mãe de Deus, acima de todos os outros santos, de “hiperdulia”.
O único ser que está acima de todos e de tudo é Deus, digno de todo o louvor e de adoração. Este termo, pois, é de uso exclusivo para designar nosso culto a Deus. É, pois, uma questão de exatidão de linguagem ou, mais ainda, de respeito a nosso Deus Criador.
Por estarmos precisando os termos com que nos referimos exclusivamente a Deus, não por questão apenas de linguagem, mas de respeito ao ser supremo, que nos criou, não parece inoportuno lembrar aos possíveis leitores destas linhas o lugar que Deus merece ter em nossa vida, no nosso pensamento e, sobretudo, no nosso amor.
Para nós, cristãos, o respeito que temos pelo Criador leva-nos a lembrar d’Ele e tê-Lo presente nos nossos atos e nas nossas palavras. Por isto é que o primeiro mandamento, que temos de amorosamente observar, é dar-Lhe o respeitoso lugar que Lhe é devido.
Lembramos, ainda, que Deus não é um ser distante, longínquo e escondido. Mas presente e atuante. O salmo 22 lembra que Deus é o pastor que nos assiste e defende e nos cumula de bens. Por isto a pessoa que se entrega a Ele nada teme, abençoada todos os dias da vida. Pois o Senhor é o pastor, que nos conduz, ovelhas que somos do seu rebanho, para a morada celeste de Jaweh.
(*) membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro