ARTICULISTAS

A fragilidade da esperança

Ultimamente não tenho comentado a ciranda política que nos rodeia. O desalento é muito grande

Padre Prata
Publicado em 08/04/2018 às 12:58Atualizado em 16/12/2022 às 04:57
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Ultimamente não tenho comentado a ciranda política que nos rodeia. O desalento é muito grande. O Brasil nos envergonha diante do mundo. A corrupção política, o enriquecimento bilionário à custa do dinheiro do povo e tudo isso que você lê todos os dias nos jornais. Que você, meu amigo, me perdoe o desencanto com as coisas que acontecem ao redor de nós. A falta de Fé e de caráter. A falta de vergonha. A corrupção oficializada. A obsessão do poder. A exploração do mais frágil. A desfaçatez e a impunidade do crime. Tudo isso ultrapassou os limites da tolerância. Hoje estive pensand “Para que empapar de vergonha os últimos anos de minha vida”? O importante é viver em paz. Para que me irritar com a falta de caráter de meus dirigentes? Ainda há tempo para ouvir música, para ler poesia, para orar, para amparar o que sofre, para estender a mão ao pobre. A música, a poesia, a oração, a fidelidade do amigo. Tanta coisa limpa!

No capítulo onze do profeta Isaias há um trecho de clara esperança, naquele tempo conturbado. Há quase três mil anos de nossos dias, ele descreve um mundo que ainda virá. Um mundo em que o lobo será hóspede do cordeiro, a pantera se deitará ao lado do cabrito, o bezerro e o leão andarão juntos, um menino andará com eles, as crias das vacas e das ursas deitarão lado a lado, o bebê brincará no buraco da cobra. Ninguém fará mal a ninguém.

Vê-se que é uma alegoria. O que Isaias queria dizer é que ainda viveríamos num mundo de paz. “Ele”, o salvador virá.

Há tempos li um texto que tenta acender uma luz. Uma chamazinha. Um mundo melhor virá. Um dia as crianças encontrarão palavras que elas não compreenderão. O que significa “fake news”, morrer de fome no Chade, drones, bombas atômicas e napalm. As crianças do mundo perguntarão o que é guerra. E tu responderás: são palavras que não se usam mais. Só se usam nos dicionários. Haverá um tempo em que o homem não será o inimigo do qual se deve proteger. Em que se ensinem as crianças a olhar para o céu e para as estrelas. Haverá um tempo em que o homem não construirá muros em sua casa e grades em suas janelas. Por enquanto, restam-nos os choques das vagas e o trabalho na esperança. “Esperar contra toda esperança”.

“Quando, meu amigo, tiveres semeado cuidadosamente o solo de teu jardim, depois e o teres cultivado, teu Deus vivo nascerá um dia sobre tua própria terra.” Você duvida?

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