ARTICULISTAS

A dimensão de Deus

Sempre me fiz uma indagação e sei que em tempo algum fiquei sozinho neste autoquestionamento: Deus é divisível? A vida e suas nuances me ensinaram que: Deus é um

João Eurípedes Sabino
Publicado em 22/01/2010 às 20:12Atualizado em 16/12/2022 às 07:18
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Sempre me fiz uma indagação e sei que em tempo algum fiquei sozinho neste autoquestionament Deus é divisível? A vida e suas nuances me ensinaram que: Deus é um para cada um de nós, mas mantém-se único ocupando exatamente o tamanho cósmico da Criação. As vidas micro e macroscópicas por Ele criadas merecem atenções individuais onde quer que estejam. Esse gesto superior não significa que o Criador esteja fracionado. O seu poder é realmente o Poder dos poderes e vai ao infinito.

Deus nunca para e a prova disso está na sua magnânima capacidade de reger ao mesmo tempo, todos os processos no universo. É impossível imaginarmos a ausência do Criador em algum ponto ou lugar e, nesse mesmo ponto ou lugar, supormos que algo possa ali correr à sua revelia. Estando Deus ausente, seria admitir aí a presença do nada? Não é o caso, pois o mandato da Lei de Lógica, determina que: O nada não existe e, se existisse, seria ele o próprio nada...

É muito pouco e até diria, é agir com irracionalidade se limitarmos Deus nas três dimensões que conhecemos: comprimento, altura e largura. Quando O vemos numa criança, numa flor ou numa fonte d’água cristalina estamos diante de três belas amostragens da inabarcável obra do Criador. Não me referi ainda ao mundo metafísico que não vemos, do qual falamos tanto e muitos mergulham em especulações para tentar explicá-lo. Nessa “especulação” o homem se arvora em dono do Poder Divino e aí surge o dinheiro, sem, entretanto, dar as caras. Tudo daí pra frente gira em torno de interesses. Falo sem a mínima sombra de dúvida.

Tentam alienar o Dono do Espaço Sideral. Criam-se grupos, poderosos ou não, que falam como se tivessem a prerrogativa de ter contato direto com Ele. É como se fosse assim; para falarmos com Deus temos que falar primeiro com fulano, cicrano ou beltrano. A meu ver está dispensada a figura do intermediário entre o Criador e o homem. “Se eu quiser falar com Deus... tenho que ficar a sós...” canta Gilberto Gil.

Esta reflexão poderá ser leve e do agrado de muitos, porém indigesta e pesadíssima para outros tantos. Há os simpáticos a esse raciocínio e os avessos ao mesmo, que sequer admitem a ideia de tê-lo na mente. Tenho que respeitar o temor arraigado no gênero humano. “Se vivêssemos numa democracia, não precisaríamos escrever o nome Deus com dê maiúsculo”, disse o pensador anarquista Millôr Fernandes. Não discuto esse mérito, mas a grandeza de Deus não está no seu nome e sim, na sua transcendência, cuja dimensão escapa ao entendimento humano. Devido à sua magnanimidade, imaginamos um Deus muito distante, quando na realidade Ele sempre esteve dentro de cada um. E continuará aí com a sua dimensão maior e única.

Dedico este texto às vítimas do terremoto ocorrido no Haiti no dia 12/01/10.

(*) presidente do Fórum Permanente dos Articulistas de Uberaba e Região; membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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